Coincidências

Vocês já pensaram na incrível coincidência, ou probabilidades de estarmos todos aqui hoje? A existência de cada um de nós é uma ínfima possibilidade que se confirmou de alguns bilhões de possibilidades de não existirmos.
Há um trecho do livro “O dia do Curinga”, do autor Jostein Gaarder, muito interessante, que diz o seguinte:
O pai inicia uma conversação com o filho:
* * *
- 1349 – começou o pai.
- A morte negra – reponde o menino.
- Isso mesmo – disse o pai, e continuou: - Você deve saber que grande parte da sociedade sucumbiu à peste. Você tem consciência de que, naquela época, você tinha muitos milhares de antepassados? Todos nós temos um pai e uma mãe, quatro avós, oito bisavós, dezesseis tataravós, e assim por diante. Se você for fazendo as contas até chegar a 1349, vai chegar a um número bem grande! Então veio a peste. A morte rondava os povoados, um a um, e as crianças eram as suas maiores vítimas. Em algumas famílias morreram todas as crianças; em outras, uma ou talvez duas tenham conseguido sobreviver. Naquela época, muitos dos seus antepassados eram crianças, e conseguiram sobreviver. Todos eles.
- Como você pode ter tanta certeza disso? – perguntou o menino.
- Porque você está bem aqui ao meu lado! – explicou o pai. – A probabilidade de nenhum dos seus antepassados ter morrido ainda criança era uma para muitos bilhões. Pois não estamos falando apenas da peste: todos os seus antepassados nasceram e viveram em épocas que foram palco das mais terríveis catástrofes naturais e que, além do mais, possuíam índices assustadores de mortalidade infantil. É claro que muitos deles chegaram a ficar doentes, mas o fato é que todos sempre sobreviveram às enfermidades. Assim, por muitas centenas de bilhões de vezes você esteve a um milímetro da não-existência. Sua vida neste planeta foi ameaçada por insetos e animais selvagens, meteoros e raios, doenças e guerras, enchentes e incêndios, envenenamentos e tentativas de assassinatos.
- E aqueles que tiveram azar? – disse o menino.
- Os que tiveram azar não existem. Nunca nasceram. A vida é uma loteria gigante, da qual só se vêem os ganhadores.
* * * 
Que sorte nós temos por estarmos aqui.
A vida é nossa grande viagem, sem volta. Podemos traçá-la retilínea, do ponto inicial ao final, e, embora algumas estações possam não ficar à margem da estrada, sempre poderemos retomá-la.

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